
Ela olhava ao redor. Tentava encontrar um sentido. Uma razão para olhar para os lados e ver apenas semblantes apagados que apontavam com seus dedos tortos as nossas faces. Ela não queria limitar-se aquelas cores neutras que víamos. Ela queria sair, queria mais. E eu não tinha o que era preciso, e também não podia vê-la partir sozinha, vê-la sorrir em algum lugar do qual nunca sorrimos juntos. Porém não podia prendê-la aquela vida. Ela não necessitava de mim, eu que precisava dela. Dependia do seu geito doentio de rir das coisas, precisava dos sorrisos encantadores, precisava do consolo para as dores. Eu apenas observava tudo aquilo, sentado ao lado dela, esperando que ela encontrasse a saída do nosso mundo. Por mais que doesse, eu tentava me despedir. Mas nem meus últimos fragmentos de força me fizeram levantar. Eu apenas olhava pra ela sabendo que um dia ela encontraria o que procurava. E eu ficaria aqui, só, sem meu único refúgio.
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